domingo, maio 21, 2006

Escreverei porque as pastilhas de menta acabaram, porque não há sono nem fome nem medo. Trago o peito apertado e um cigarro entre os dedos que trago e sopro a fumaça... e só sai fumaça, o peito não desaperta e desconforta e eu desespero e sopro sopro sopro. Escreverei porque o sono acabou e não há pastilhas de menta nem sede e eu sinto que minto. Levo o rosto marcado, lavado e surrado pelas quedas-livre de um destino comum demais e passivo aos montes... ou vales, de frieza azul azulada de céus sem nuvens, sem luzes. E eu trago a bebida sem dar gole pro santo, e as pastilhas de menta acabaram. E eu nunca como pastilhas de menta, eu nunca tenho sono e a fome que tenho é de tudo e de nada. Quero tudo e agora e ainda e depois. Cimento se minto, areia se sinto, poeira se choro. Trago um punhado de biscoitos de aveia, e vinho correndo na veia e o peito comprimido e aberto e incerto. E não tenho sono, tampouco fome ou pastilhas de menta. E acendo um novo cigarro e assopro e o nó no peito virou laço de fita, que bonita! Deito fora os biscoitos de aveia em migalhas com um único gesto de repúdia e ódio, pois não há pastilhas de menta, e acabou o sono pra sempre e não há nada que aplaque minha fome. Nada.